quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pastagem para ovinos e caprinos 7

Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros

6.0 Suplementação alimentar para ovinos e caprinos


A sazonalidade da produção forrageira concentra-se em nível superior a 80% na época quente e chuvosa do ano. O inverso observa-se na época seca, quando há acentuada redução quantitativa e qualitativa da forragem. Essa oscilação provoca conseqüências negativas do ponto de vista zootécnico, como altas taxas de mortalidade, baixo desempenho reprodutivo e baixa taxa de crescimento, aliados aos sérios problemas
sanitários. GUIMARÃES FILHO et al. (1982) e CHARLES et. al (1983) concluíram que a suplementação volumosa na época seca, mais mineralização e desverminação do rebanho, melhoraram a eficiência reprodutiva e o peso de cordeiros aos 240 dias de idade.

A demanda e suprimento de forragem devem ser equacionados no balanço do planejamento anual. Podem ser alternativas de volumosos suplementares para seca: pastagem reservada + suplemento protéico/energético no cocho, silagem de milho, sorgo, milheto, capim, etc (Foto 3), feno, cana-de-açúcar corrigida, capineiras, bancos de proteína, restos de cultura, subprodutos agrícolas, palma, mandioca, entre outras.

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As misturas minerais devem permanecer continua e ininterruptamente à disposição dos animais em cochos próprios. Se compararmos o consumo de forragem e o teor de elementos essenciais ingeridos, constataremos que alguns minerais não suprirão as exigências das diferentes categorias. Nas plantas forrageiras existem variações nos teores minerais com a espécie, o estádio de maturação da planta, a época do ano, o tipo de solo e o nível de adubações.

Pastagens com alta disponibilidade de forragem e bom valor nutritivo podem ser capazes de suprir os nutrientes necessários à manutenção e gestação, em relação aos teores de proteína e energia. Como geralmente as condições de nossas pastagens não são as ideais, podem-se fornecer suplementos para ovelhas em pré e pós-parto, pois evita distúrbios metabólicos, principalmente em partos duplos.

Deve-se ressaltar a importância da reserva de alimentos volumosos na fazenda, devido aos custos. Nesse planejamento, a área colhida será de acordo número de animais (expressos em UA1) e o período de arraçoamento, visando atender demanda de forragem o ano inteiro.


7.0 “Creep feeding” e “creep grazing” na alimentação de cordeiros e cabritos


A alimentação exclusiva e diferenciada das crias, seja ela concentrada (“creep feeding”) ou em pastagens (“creep grazing”), pode ser realizada para melhorar o ganho de peso dos borregos/cabritos e diminuir o tempo de abate, aproveitando a fase de maior eficiência alimentar dos animais e resultar em carne de melhor qualidade. Nas fêmeas, pode reduzir a idade à primeira cria, melhorando o giro de capital e velocidade de
melhoramento do rebanho, desde que economicamente viável.

 

Na Figura 2, está esquematizado um modelo de “creep grazing” com uma pastagem na qual só as crias têm acesso e um cocho para colocação de suplementos concentrados. A espécie forrageira plantada no “creep grazing” pode ser outra em relação à das matrizes. Pode adaptar o “creep feeding” para o fornecimento de feno de boa qualidade.

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Para os cordeiros e cabritos, o “creep grazing” (área de pasto ou cocho com alimentos volumosos de alta qualidade exclusiva as crias) pode ser usado com baixo custo e grande eficiência, podendo ser acrescido do “creep feeding” (cocho com alimentos concentrados), principalmente quando se deseja a terminação dos animais em confinamento ou quando o produtor é especializado em venda de cordeiros a terceiros.


A ração do “creep feeding” deve possuir alta digestibilidade que não leve ao acúmulo de material fibroso indigestível no rúmen. O farelo de soja e o milho são ingredientes importantes para dieta inicial. O farelo de soja apresenta aceitabilidade elevada e alta concentração de proteína e o milho moído fermenta rapidamente no rúmen.

O consumo de alimento sólido precoce acelera o tempo necessário a desmama e aumenta o desempenho. Os cordeiros devem comer alimentos sólidos o mais rápido possível, a partir do 12º dia de vida. A formulação para “creep feeding” não precisa ser complexa. Entretanto, ela deve conter os ingredientes que os cordeiros preferem, incluindo farelo de soja, milho e melaço que age como palatabilizante favorecendo o
aumento do consumo.

Fonte: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL
PROGRAMA DE OVINO-CAPRINOCULTURA DA BAHIA

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