sábado, 23 de outubro de 2010

Pastagem para ovinos e caprinos 5

Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros

4.0 Manejo de pastagens com ovinos e caprinos

A época de pastejo (águas e seca), o sistema (contínuo ou rotacionado), a intensidade (altura do resíduo) e a freqüência de pastejo (dias de ocupação e de descanso) são aspectos que devem ser considerados no manejo da pastagem. Na intensificação do uso das pastagens, há forte tendência da adoção de pastejo rotacionado. Uma das principais dúvidas do criador sobre esse sistema está relacionada à necessidade de muitos piquetes pequenos com alto custo das cercas. Contudo, a rotação é possível mesmo com pastagens de dimensões maiores, com período de ocupação mais longos (máximo de sete dias), ajustando adequadamente a lotação para consumo da forragem ofertada durante o período planejado. A utilização de cercas eletrificadas possibilita a redução no custo de divisão de pastagens. O número de piquetes pode ser calculados pela fórmula:

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onde:
NP = número de piquetes
PD = período de descanso
PO = período de ocupação

O manejo de pastagens com ovinos e caprinos está relacionado com a espécie forrageira em questão, principalmente com relação ao porte e ao hábito de crescimento (Tabela 4). Pela característica de hábito gregário desses animais, não se deve deixar a altura da pastagem atingir mais de 1 m ou, na prática, a altura do focinho, para ocorrer à visualização uns dos outros enquanto pastejam.

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Gramíneas forrageiras com hábito de crescimento prostrado têm sido recomendadas para a criação de ovinos (SIQUEIRA, 1988) e caprinos (ARAÚJO FILHO et al., 1999). Os capins prostrados apresentam-se como alternativa interessante, tanto do ponto de vista nutricional, quanto da facilidade de manejo da pastagem. Por outro lado, o alto percentual de cobertura de solo pode contribuir com a formação de microclima úmido,
com temperaturas amenas, favorecendo o desenvolvimento das larvas infectantes de nematódeos gastrintestinais, que provocam sérios prejuízos econômicos (SANTOS et al., 2002).

Segundo SANTOS et al. (1999), a adoção de capins eretos, apesar de possuírem manejo mais difícil, é recomendada sob manejo de desfolha intermitente. Nesse sistema, a altura do resíduo pós-pastejo baixa possivelmente contribua para redução da população de larvas infectantes dos nematódeos.

A altura de manejo dos capins pode ser utilizada para controlar os momentos de entrada e saída dos animais dos piquetes, no sistema rotacionado. No trabalho conduzido por QUADROS (2004), a altura do capim-estrela-africana pastejado por ovinos praticamente não variou ao longo das amostragens (Tabela 5). Por outro lado, no mês de março, o capim-andropógon apresentou altura mais elevada do que os capins Tanzânia e estrela-africana. Pastagens manejadas baixas podem acarretar em decréscimo do consumo, como foi demonstrado por CARVALHO (2002), em ovinos mantidos no capim- Tanzania mantido com 10-30 cm de altura, condições predisponentes à redução da massa e do tempo por bocado, em relação a 40-50 cm, sugerindo que seu melhor manejo sob lotação contínua encontra-se próximo às alturas intermediárias.

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Plantas forrageiras com alturas acima de 1 m não têm sido indicadas para ovinos (SANTOS et al., 1999). Segundo CARVALHO et al. (2001b), pastos altos podem limitar o consumo de ovinos. CARVALHO et al. (2001b) observaram aumentos do tamanho e do tempo por bocado em borregas mantidas em capim-Tanzânia, manejado de 20 até 60 cm de altura.

Entretanto, a velocidade de ingestão aumentou até o manejo a 50 a 60 cm. Acima de 70 cm, houve redução acentuada da velocidade de ingestão. Para que os animais apresentem altos desempenhos, deve-se disponibilizar a possibilidade seletividade e aumento do consumo de forragem, por meio da oferta de forragem, que permita ao animal grande tamanho dos bocados. Em milheto, os melhores ganhos por animal e por ha, considerando cordeiros, foram obtidos quando a altura média as plantas foi próxima a 30 cm (CARVALHO, 2002).

A MS pode ser estimada por meio do corte e secagem da forragem (na prática cortando acima da altura de resíduo pré-determinada) e transformada por hectare, sendo fundamental para o cálculo da oferta de forragem, em kg de MS/100 kg de PV, sendo normalmente de 8 a 12 kg MS/100 kg PV/dia, visando o altos ganhos por animal e por hectare. A MS total é constituída das frações folha, colmo e material morto, sendo a primeira preferida pelos animais e de maior valor nutritivo. Conforme QUADROS (2004), a MS dos colmos e material morto reduziram à medida que a altura do estrato aumenta no perfil da pastagem (Tabela 4). Entretanto, a MS de folhas nos capins Tanzânia e andropógon (cespitosos) foram menores abaixo dos 30 cm, enquanto no estrela-africana não diferiu nos diferentes estratos.

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Fonte: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL
PROGRAMA DE OVINO-CAPRINOCULTURA DA BAHIA

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