sábado, 25 de setembro de 2010

Aptidão Produtiva (Leite ou Carne) e Libido

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INFLUÊNCIA DA APTIDÃO PRODUTIVA (LEITE OU CARNE) SOBRE A LIBIDO DE BODES DE RAÇAS EXÓTICAS E NATURAIS DA REGIÃO SEMI-ÁRIDA DO NORDESTE BRASILEIRO

RESUMO
Dezesseis reprodutores caprinos agrupados de acordo com a aptidão produtiva (carne ou leite) foram avaliados quanto à libido. Em cada grupo racial (Anglo-Nubiano e Pardo-Sertanejo - para leite; e Boer e Moxotó – para carne), havia quatro animais. Cinco fêmeas mestiças de Anglo-Nubiano foram utilizadas, todas elas estrogenizadas. O experimento foi realizado em Patos – PB (região semi-árida do Nordeste brasileiro) durante 42 dias, entre agosto e setembro de 2002. Os trinta dias iniciais foram reservados para o período adaptativo dos animais e os últimos doze dias, para o processo intensivo de coleta seminal, que obedeceu a um sistema contínuo e crescente de coletas dividido em três fases, cada uma com quatro dias: fase 1, uma coleta ao dia; fase 2, três coletas ao dia; fase 3, seis coletas ao dia. Durante as coletas seminais, todo o comportamento sexual dos bodes foi monitorado, inclusive a libido. Encontrou-se influência significativa tanto da aptidão produtiva como da freqüência da coleta seminal e também da raça sobre o tempo de reação e tempo até ejaculação.

INTRODUÇÃO
É comum entre os criadores sertanejos do semiárido do Nordeste brasileiro a assertiva de que bovinos de aptidão leiteira têm apetite sexual (libido) maior que aqueles de aptidão para carne. Já se conhece o suficiente para afirmar que há diferenças comportamentais bem evidentes, no plano sexual, entre Bos taurus indicus (Linnaeus, 1758) e Bos taurus taurus (Linnaeus, 1758), principalmente no tocante à manifestação da sua
libido.

Evidenciando-se que essas diferenças consistem numa menor manifestação de libido de touros zebu, quando comparados com touros de raças européias, apesar de alguns pesquisadores crerem que isso se deve muito mais aos métodos de avaliação da libido aplicados, que não considerariam as particularidades próprias dos zebus.

De forma que o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (1998) sugere metodologias diferentes para avaliar a libido de zebuínos e taurinos. Para o bode, muito pouco se tem estudado acerca do seu comportamento sexual e menos ainda quanto à avaliação da libido. Machado et al. (1994) encontraram vantagens quanto ao número de montas realizadas por bodes Moxotó com relação aos da raça Pardo-Alpina. Santos et al. (2003) verificaram influências da raça sobre a libido de bodes exóticos e naturalizados ao clima semi-árido. As performances de uma criação dependem da reprodução e a reprodução depende da vontade e da capacidade dos animais de se engajar num comportamento sexual e se fecundar num bom momento. Para acompanhar melhor a expressão do comportamento, faz-se necessário conhecer os diferentes fatores susceptíveis de influenciá-lo. Conhecer o contexto social "normal" no qual se desenvolve a reprodução pode ajudar a compreender e a manipular as reações dos animais nas condições controladas de criação. Isso permite desenvolver técnicas que atendam as exigências do criador e às
necessidades do animal. Assim, objetivou-se com este trabalho analisar a influência da aptidão produtiva (carne ou leite) sobre o comportamento sexual do macho caprino.


RESULTADOS
Encontrou-se influência significativa tanto da aptidão produtiva como da freqüência da coleta seminal e também da raça sobre o tempo de reação e tempo até ejaculação. Quanto ao percentual de montas com ejaculação de acordo com a aptidão produtiva, só não houve diferença na fase de uma coleta ao dia. Verifica-se que os bodes de aptidão leiteira (Anglo-Nubianos e Pardo-Sertanejos) apresentaram resultados sempre melhores do que os de aptidão para carne (Boer e Moxotós). Quanto ao tempo de reação (em segundos), em todas as três fases de coletas seminais, os bodes de raças leiteiras apresentaram tempos menores aos das raças produtoras de carne. Verificando-se que essa diferença foi ainda mais expressiva nas duas primeiras fases experimentais (5,22 segundos para animais de aptidão leiteira e 22,03 segundos os para carne; 12,86 segundos os de aptidão para leite e 18,13 segundos os para carne, respectivamente, nas fases de 1 e 3 coletas ao dia). Para o tempo até ejaculação (em segundos), as diferenças foram expressivas nas três fases (49,58 segundos os de aptidão para leite e 96,97 segundos para carne; 87,40 segundos os de aptidão para leite e 96,68 para carne; 120,76 segundos os para leite e 153,90 segundos para carne, respectivamente, nas fases de 1, 3 e 6 coletas ao dia). Com relação ao percentual de montas com penetração ou ejaculação, também se
verificou superioridade dos animais leiteiros,principalmente nas duas últimas fases experimentais (97% leite e 92% carne; 87% leite e 44% carne; 52% leite e 22% carne, respectivamente, nas fases de 1, 3 e 6 coletas ao dia.


CONCLUSÃO
Bodes de raça de aptidão leiteira apresentam libido bem superior à daqueles cuja aptidão produtiva é carne. 

Texto Completo: http://www.scielo.br/pdf/cagro/v29n3/a25.pdf

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