segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vírus ameaça milhões de ovinos e caprinos na África

[04/11/2010]

Um vírus mortal que invadiu a Tanzânia no começo desse ano poderá se expandir nos países do sul da África e ameaçar mais de 50 milhões de ovinos e caprinos em 15 países, informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) na terça-feira (02). O vírus chamado de Peste dos Pequenos Ruminantes (PPR) é considerado como a "doença viral mais destrutiva que afeta rebanhos de pequenos ruminantes, tal como a peste bovina que devastou a pecuária no passado", disse a FAO. A PPR pode causar taxas de mortalidade de até 100% dos animais, mas não afeta humanos. O vírus pode se espalhar em pastagens compartilhadas e mercados de animais vivos.

O vírus já está presente no Oriente Médio, Ásia e partes central, oriental e ocidental da África, mas o sul do continente africano tem sido relativamente poupado. A FAO pediu que a Tanzânia inicie um programa de vacinação de emergência e disse que Malawi, Moçambique e Zâmbia deverão "imediatamente começar vigilância e começar medidas pró-ativas de inspeção".

"Se a doença se espalhar da Tanzânia para todas as 15 nações da Comunidade de Desenvolvimento do Sul Africano poderá potencialmente devastar o sustento e a segurança alimentar de milhões", disse a FAO.

A PPR declarou-se na Tanzânia no início de 2010, ameaçando uma população local de mais de 13,5 milhões de caprinos e de 3,5 milhões de ovinos. Para estancar a propagação da doença, a FAO recomendou a vacinação dos pequenos ruminantes tendo por base os pontos de controle e as rotas habitualmente seguidas pelos pastores.

Juan Lubroth, veterinário chefe da FAO, recordou que "os ovinos e os caprinos são essenciais para a segurança alimentar e o rendimento das comunidades pastorícias" "A presença da doença afeta diretamente o patrimônio dos lares. Também os serviços veterinários dos países da região devem rever os seus planos de prevenção, reforçar o controle das fronteiras e melhorar a vigilância", conclui Lubroth.

A reportagem é da Agence France-Presse (AFP) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SEGICAPRI

Amigos,

Ontem a ABCC (graças as contribuições dos amigos criadores e das vendas dos módulos do futuro portal) pagou a empresa que está desenvolvendo o SIGECAPRI (Sistema de gerenciamento do registro de caprinos) as parcelas do meses de novembro e dezembro ficando em dias com suas obrigações.

Já foram feito aporte de R$ 15.000,00, do total de R$50.000,00, custo dessa maravilhosa ferramenta, que vai proporcionar ao criador comodidade,agilidade e credibilidade aos documentos dos caprinos.

Em Janeiro de 2011, próximo mês, já vamos estar podendo acessar o portal www.abccaprinos.com.br, que vai estar em teste, disponibilizando muitas informações de nossa ABCC, de tudo que está acontecendo com nossa caprinocultura e informações de nossos sócios criadores.

Ontem em reunião na sede da ABCC fomos informados que o sistema de gerenciamento já está 40% desenvolvido.

Gostaria de agradecer aos que contribuíram e pedir aos que podem contribuir que não deixe de fazer, com o SEGICAPRI todos nós vamos ganhar.

Para os criadores e empresas que querem dar visibilidade aos seus produtos, não deixarem de colocar um modulo no portal www.abccaprinos.com.br o retorno será garantido.

Maiores informações com Amélia no abccapri...@hotmail.com  

Conta para doação.

ABCC
Ag.1835-X
C/C:400.254-7

Muito obrigado.
Tomaz Radel

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Carta do Zé Agricultor para Luis da Cidade

 

A carta a seguir não é sobre caprinos, mas é interessante do ponto de vista de todo agricultor e pecuarista  - adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

Prezado Luis, quanto tempo.

    Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

    Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormi já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

    Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

    Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né  Luis?

    Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né.) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

    Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encompridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levou ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu, eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros. Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui ao escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no IBAMA da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do
Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

CUIDADOS ESSENCIAIS PARA A CRIAÇÃO

 

Preparação da propriedade
Da granja, chácara, sítio ou fazenda
a) O local deve ser convenientemente cercado, com cercas de telas, varas em faxina, ou com 9 fios de arame, podendo-se admitir piquetes com o sistema de cercas eletrificadas.
b) possuir água de boa qualidade, pois os animais apreciam água limpa e desprezam aguadas não apropriadas.
c) possuir eletrificação rural para permitir iluminação das instalações de repouso, acondicionamentos de equipamentos elétricos para o tratamento, conservação e maturação dos seus produtos.
d) propiciar condição de alimentação. Manter boas pastagens nativas, confeccionar silos, obter forragens e realizar a ensilagem e fenação, através de bancos de leguminosas e bosques de forrageiras e adoção de rações concentradas.
e) treinar um pessoal tecnicamente, habilitando-o ao trato e ao manejo dos caprinos, um bom trabalho exige habilidades técnicas-práticas de criação desses animais.
f) obter equipamentos apropria dos e construir instalações adequadas à cria ção animal.
g) no local de criação: eliminar as er vas tóxicas daninhas, cobras, insetos, animais predadores e parasitas em geral.


Preparação do pessoal
Do proprietário, capataz, técnico ou simplesmente tratador
a) instruir-se quanto às principais doenças que afetam os caprinos e ovinos; suas formas de tratamento, combate e prevenção.
b) informar-se sobre os parâmetros ideais de criação, baseando-se em índices característicos à evolução de rebanho caprino nas atuais condições de cria ção.
c) filiar-se à Associa ção de Criadores, aos órgãos de produção e pesquisas, assinar revistas, publicações e principais informativos técnicos.
d) adotar uma política receptiva aos visitantes, em geral, e visitar ou tros criatórios.
e) divulgar o seu cria tório, propagar a positividade da atividade para a região.


Preparação da atuação
Controle, Coordenação e Administração da Criação.
a) adotar formas de registro, contro le e acompanhamento das ocorrências diárias que mereçam anotações.
b) marcar o animal, dando-lhe um número para identificação, através de brincos numerados, medalhas, trancelim, coleira numerada ou qualquer outra forma, desde que identifique cada animal, junto à sua ficha de controle.
c) instaurar, através de ficha individual, uma escrituração zootécnica que possa acompanhar a vida do animal, rea lizando o seu controle sanitário, genético, leiteiro e produtivo.
d) realizar uma constante mineralização suplementar à alimentação básica e adotar planos de vermifugação e vacinações.
e) formar uma farmácia básica ao trato curativo e prevenção das principais doenças que atacam os animais.
f) descartar animais improdutivos, fora do padrão desejado e que foram desclassificados pela seleção.
g) substituir periodicamente os reprodutores utilizados, para uma renovação no sangue genitor do rebanho.
h) substituir cabras velhas pelas melhores marrãs da criação, filhas das melhores cabras.
i) comunicar as coberturas e nascimentos, procurando obter o registro dos produtos da criação.
j) higienizar periodicamente a propriedade, os equipamentos, os animais e suas instalações.
l) treinar e/ou orientar os tratadores, ordenhadores, laticinistas e práticos veterinários, quanto às modernas formas de manutenção, manejo e trato dos animais.
m) adquirir medicamentos, equipamentos, utensílios e apetrechos que favoreçam o bom trato, a melhoria da lida com os animais e suas instalações.
n) procurar estar sempre atualizado, com espírito inovador e receptivo a mudanças quanto à adoção de novas técnicas e aceitação de novas orientações.
o) instaurar, eficientemente, um plano de controle da atividade, determinando seus objetivos e metas, e acompanhando passo a passo as estratégias adotadas até sua finalização.
p) coordenar, administrar e avaliar resultados, através da adoção de normas de controles. Faça e refaça, periodicamente, suas contas, procurando desenvolver-se dentro de um senso prático, profissional e produtivo.
q) administrar sua criação como se administra um negócio, ela não deve se constituir num mero hobby ou esporte. Deve lhe proporcionar, sobretudo, renda e prazer.
r) comercializar seus produtos e subprodutos com critérios de honestidade, responsabilidade e profissionalismo. “O bom criador preocupa-se com seus animais e com os resultados de sua cria­ção”.
s) aconselhamos ao criador iniciante dar preferência aos animais mestiços por serem mais resistentes, menos exigentes que os animais puros e já estarem adaptados às condições extensivas de criação ou manejo não profissionalizado.


Principais cuidados do criador
De todas as áreas de atuação
Estar atento, sempre, aos seguintes campos de atividade:
a) NUTRIÇÃO - Alimentação adequada.
b) INSTALAÇÕES - Ambiente e equipamentos compatíveis.
c) MANEJO - Trato especializado.
d) GENÉTICA - Origem racial produtiva.
e) SANIDADE - Controle médico- veterinário.
f) COMERCIALIZAÇÃO - Esquema de venda dos produtos obtidos que assegure um retorno do capital investido. Existem 5 bons motivos para a criação de cabras: o leite, a carne, a pele, o pelo e o esterco - todos de fácil comercialização, devidos às suas utilidades no favorecimento da vida humana.

09/09/2010 - Revista O Berro nº 135 - Antão José Araújo de Brito

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cabra diferente de vaca, finalmente

- 19/11/2010

Para vender derivados de leite de cabra no mercado, os produtores precisavam seguir as mesmas regras das vacas de leite e adquirir maquinário para uma produção muito acima da realidade. Isso impedia o crescimento da atividade em Minas. Segundo os criadores, este mercado só não é maior por causa de um problema ligado à legislação. Para a presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite), Aurora Gouveia, esse era o maior obstáculo para o crescimento da atividade, levando muitos criadores para a ilegalidade. Os números da produção de leite não são oficiais, mas estima-se que chegue a oito milhões de litros por ano, oferta que, segundo associações de criadores, não é suficiente para suprir a demanda. Além do queijo, fazem biscoito, doce de leite e cocada à base de leite de cabra. Além disso, os cosméticos também fazem sucesso: tem sabonete, hidratante, xampu e condicionador.Além do leite, derivados como queijo e iogurte já caíram no gosto do consumidor.

Fonte: O Berro

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

COLOSTRO DIMINUI MORTALIDADE DE CABRITOS E BORREGOS

 

COLOSTRO DIMINUI MORTALIDADE DE CABRITOS E BORREGOS

O colostro é a secreção que se acumula na glândula mamária nas últimas semanas de prenhez. De cor branco-ama­relada, rico em proteínas, imunoglobulinas ou anticorpos, minerais e vitami­nas, possui efeitos nutritivo, antitóxico e laxativo. Apresenta gordura que é bem absorvida pelas crias, sendo importante fonte de energia atuando na regulação da temperatura corporal e na adaptação às condições ambientais.


Depois de terem sido formados em um ambiente estéril como o útero, capri­nos e ovinos recém-nascidos deparam-se com fatores adversos do ambiente e microrganismos causadores de doenças. Desta forma, além dos cuidados com o manejo sanitário, como o corte e a cura do umbigo, bem como a proteção das crias em local seco e higiênico, os recém-nascidos necessitam ingerir o colostro logo após o nascimento para o seu desenvolvimento saudável.


Ao nascimento, caprinos e ovinos não têm anticorpos circulantes no sangue, consequentemente, a aquisição da imunidade depende da disponibilidade do colostro, da quantidade de anticorpos presentes e da absorção intestinal. A ingestão do produto proporciona uma proteção imunológica passiva por transferência de anticorpos e vitaminas da mãe à cria nas primeiras semanas de vida, com o objetivo de favorecer uma de­fesa adequada contra as enfermidades. O amadurecimento dos órgãos da cria, responsáveis pela produção das células de defesa do organismo e anticorpos, leva pelo menos quatro meses para ocorrer. Este é o tempo em que os animais permanecem em contato com microrganismos do ambiente.


Uma pesquisa realizada em proprie­dades que adotavam sistema de criação intensiva, que apresentava perdas de crias de caprinos e ovinos, revelou aumento na taxa de mortalidade entre os animais que não mamaram o colostro. Animais que não têm acesso ao colostro vêm a óbito dentro de poucos dias após o nascimento por razões de infecções, energia não disponível adequa­damente e falta de termorregulação, levando à diminuição da temperatura corporal (hipotermia). Há uma correlação negativa entre a quantidade de imunoglobulinas (colostro ingerido) e a mortali­dade em neonatos, e uma correlação positiva entre o conteúdo de imunoglobulinas no sangue de cabritos com 48 horas de vida e seus ganhos de peso ao desmame.


De maneira geral, é necessário que o recém-nascido faça ingestão do colos­tro para obter proteção contra enfermidades, atuando na melhoria do ganho de peso e no desenvolvimento do metabolismo. Cordeiros privados de colostro são neutropênicos, ou seja, apresentam baixo número de células neutrófilas no sangue. Os poucos neutrófilos existentes no organismo são, em termos relativos, ineficientes para realizar o processo de destruição dos microrganismos denominados fagocitose. Com a ingestão contínua dos anticorpos e sua absorção protege-se contra as enfermidades em geral, especialmente as entéricas. De­ve-se, entretanto, também levar em consideração outras medidas específicas, como a limpeza e higiene das instalações e o manejo adequado das crias.


Há três grandes causas pelas quais a transferência adequada de colostro pode fracassar. Primeiro, o produto pode ser insuficiente ou de má qualidade. Se­gundo, pode haver colostro em quantidade suficiente, mas a ingestão pelo ­re­cém-nascido é inadequada. Por fim, a ter­ceira razão de fracasso é a falta de absorção pelo intestino, apesar da ingestão ser adequada e o colostro ser um alimento de boa qualidade.


As principais causas observadas na mortalidade em cordeiros, desde o primeiro dia até o sexto mês de vida, são: infecções respiratórias; desordens digestivas, como diarréia; inflamação de umbi­go e da articulação e diminuição da tem­peratura corporal. Assegurar a ingestão do colostro e sua absorção pela cria é fundamental para a diminuição da mortalidade em um sistema de ­produção de caprinos e ovinos.


Atualmente, a única contra-indicação para o consumo de colostro natural, e que também está relacionado com o consumo de leite, diz respeito à transmissão de doenças infectocontagiosas às crias. Entre elas, podem ser citadas a Artrite-Encefalite Caprina a Vírus, a Mi­coplasmose, a Clamidiose, a Toxoplasmose, entre outras.


Considerar a importância da administração do colostro para as crias de caprinos e ovinos, nas primeiras horas de vida, torna-se essencial para a sobrevivência dos recém-nascidos. Esta fonte de alimento é de suma importância na prevenção contra os fatores adversos do ambiente, assim como, contra os microrganismos nele existentes.


Francisco Selmo Fernandes Alves e Raymundo Rizaldo Pinheiro são pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos.

10/02/2009 - Revista O Berro nº 119 - Francisco Selmo Fernandes Alves e Raymundo Rizaldo Pinheiro

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nova Diretoria

 

A nova diretoria da ABC Anglo acabou de tomar posse, a primeira reunião com os associados foi ontem na Fenagro. A chapa "Anglonubiana Brasileira, força e tradição da bela raça” é composta por:

Presidente: Luis Abel

Vice-BA: Cel. Amâncio

Vice-SE: João Teles

Vice-PE: Gidalte Almeida

Vice-PB: Kennedy Pontual

Vice-RN: Cezár Arruda

Vice-CE: Francisco Leitão

Vice-PI: Paulo Zabulon

Vice-MA: Zilmar Valença

Vice-AM: Zaninni

Vice-MG: José Antenor

Vice-RS: Vera Ponciano

Vice-RJ: André Fortes

Vice-SP: André Ferreira

Vice-PR: Edo Mallmann

Diretor de Eventos: Tomaz Radel

Diretora Técnica: Maria Pia

Dir. de Marketing e Divulgação: Luiz Mendez

Pres. do Conselho Deliberativo: Benicio Mello

Membros do C.D.: Aldemir Junior, Sergio Almeida, Genez Neto e Alcides Bezerra

Conselho Fiscal: Pedro Didier, João Roberto, Ramalho

1° Sec: Glaúcio Vaz

2° Sec: Joan Jonas

Diretor Financeiro: André Chaves

1° Tes: Jailson Cordeiro

Conselho Técnico:

1- Annelise Traldi (Kiki)

2- Maria Pia

3- Domingos Ribeiro

4- Joselito Barbosa

5- Antônio Valadares

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Leilão Brasileirão

 

Lembrando a todos que o leilão Brasileirão é HOJE!

TRANSMISSÃO AO VIVO PELO SITE DO LEILÃO:

www.brasileiraodoanglo.com.br

domingo, 28 de novembro de 2010

Inscrições Campeonato

Amigos do Grupo,

Foram inscritos 555 anglonubianas para julgamento da Nacional na Fenagro 2010, dados oficiais dado pelo GEPE empresa que cuida de eventos da Secretaria da Agricultura da Bahia.

Nunca antes na historia desse pais, (talvez desse mundo) houveram tantos anlgunubianas de pista juntos em pista de julgamento em um só evento.  

Estão de parabéns a ABC Anglo e a ACCOBA.que juntas convocaram os criadores e foram atendidas.
Fica aqui uma divida de nós criadores baianos aos amigos criadores que fizeram quarentena, e os que vieram de longe que muito contribuíram para esse numero expressivo de animais de muita qualidade.

Terça feira começam as classificatórias, os 12 melhores animais por categoria já vão merecer uma atenção especial.

Abraço a todos.
Tomaz Radel
Diretor de eventos da ABC Anglo

sábado, 27 de novembro de 2010

Começou!!!

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A Fenagro 2010 começou!!! Nacionais das Raças  Santa Inês e Anglo-Nubiana!!!

Desde às 8:00 horas da manhã as equipes de pesagem, com duas balanças, não param de trabalhar. É Anglo-Nubiano que não acaba mais… quando você acha que todos já foram pesados, aparecem mais… Com certeza já devem ter sido pesados mais de 600 anglos! Muita quantidade e qualidade.

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Hoje à noite também será feita a esgota das cabras do concurso leiteiro. Lembrando a todos a programação para os próximos dias:

PROGRAMAÇÃO FENAGRO

24, 25 e 26/11/2010 - Quarta / Quinta / Sexta-Feira
Entrada dos animais
08:00 às 24:00h

27/11/2010 - Sábado
Pesagem para Caprinos e ovinos Dorper
08:00 às 20:00h

28/11/2010 -  Domingo
Pesagem para Santa Inês
08:00 às 20:00h

28/11/2010 - Domingo
Julgamento Bôer e Outras Raças
08:00 às 20:00h

29/11/2010 - Segunda - Feira
Julgamento Dorper
8:00 as 20:00h

30/11/2010 -  Terça - Feira
Julgamento classificatório Raça Santa Inês
8:00 as 20:00h

30/11/2010 -  Terça - Feira
Julgamento classificatório Raça Anglonubiano
08:00 às 20:00h

01/12/10 -  Quarta - Feira
Julgamento classificatório Raça Santa Inês
8:00 as 20:00h

01/12/2010 - Quarta - Feira
Julgamento classificatório Raça Anglonubiano
08:00 às 20:00h

02/12/2010 - Quinta - Feira
Julgamento Campeonatos Santa Inês
08:00 às 20:00h

02/12/2010 - Quinta - Feira
Julgamento Campeonatos Anglonubiano
08:00 às 20:00h

03/12/2010 - Sexta - Feira
Julgamento Campeonatos Santa Inês
08:00 às 20:00h

03/12/2010 - Sexta - Feira
Julgamento Campeonatos Anglonubiano
08:00 às 20:00h

04/12/2010 - Sábado
Grandes Campeonatos das Raças Santa Inês e Anglonubiano
8:00 às 12:00h

05/12/2010 - Domingo
Almoço dos tratadores
8:00 as 12:00h

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Véspera da abertura da Fenagro

26/11/2010

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Hoje, às véspera da abertura da Fenagro 2010, os animais ainda estão chegando ao parque, até o final do dia todos já devem estar acomodados e descansando para a maratona que vem por aí.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Leilão Tingui 2010

mkt tingui elite e producao 1

· 20 REPRODUTORES DORPER

· 10 REPRODUTORES SANTA INÊS

· MATRIZES DORPER, ANGLO E SANTA INÊS

ANIMAIS DE ALTA QUALIDADE!

DURANTE A FENAGRO 2010

Dia 05 de Dezembro - Domingo

11 horas – Parque de Exposições

Promoção:
Rebanho Tinguí – Ricardo Falcão

Assessoria:
Felipe Adelino - (83) 9921-4100

Naelson Júnior - (71) 9131-5265

Toninho Valares – (81) 9743-0588

Informações:
Ricardo Falcão – (71) 8121-9780 / 9123-1445

Sebastião – (71) 9138-9356

Leilão Top Baby 2010

mkt top_baby_fenagro

Leilão Brasileirão 2010

mkt brasileirao do anglo 2

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dengue, perigo também entre os caprinos

Mesmo não fazendo parte do grupo predisposto à infecção, os caprinos correm o risco de colaborar involuntariamente para a proliferação da doença.

 

Se a dengue não ameaça meu plantel, então por quê devo me preocupar? Como qualquer órgão oficial de controle sanitário, é importante que todos estejam envolvidos na tentativa de erradicação desta doença. Por isso, devemos incluir neste grupo também os apaixonados por caprinos. Como se não bastasse o bom senso de auxílio social que devemos prestar, lembremo-nos que em qualquer propriedade, quer seja um grande capril, fazenda, e até uma simples chácara com um único animal é necessário que sempre tenha água limpa disponível para os animais.

 

Atenção! Água limpa e parada em cochos, piquete ou baia são um ótimo local para proliferação dos mosquitos transmissores da dengue. É bom lembrar que não existe apenas um transmissor, o Aedes aegypti (responsável pela disseminação no Brasil); existe ainda um outro agente, o Aedes albopictus. As várias maneiras de controle do mosquito transmissor são freqüentemente lembradas nos meios de comunicação – evitar deixar água parada ou colocar cloro em piscinas. Mas as medidas efetivas são de difícil realização onde mantemos os animais, pois nenhum produto pode nem deve ser colocado na água, sob o risco de modificar o sabor e comprometer sua ingestão pelos animais. Então, o que fazer?

 

Talvez a única maneira de colaborarmos com a não proliferação do mosquito da dengue seja manejar corretamente recipientes como baldes, ou mesmo os cochos onde se coloca a água para os animais – além, é claro, de realizar uma limpeza freqüente. Assim, a retirada de toda a água desses cochos, o ato de esfregar com uma escova dura para então encher novamente de água limpa ao menos duas vezes por semana, é fundamental. Lembre-se que os ovos destes insetos podem permanecer cerca de seis meses em local seco sem eclodir. Mas ao primeiro contato com água surgem novos insetos.

 

Muita gente não entende como os mosquitos podem “nascer” da água, mas o que é preciso entender é que os insetos passam por um ciclo reprodutivo, em que as fêmeas depositam seus ovos na água limpa e parada. Após um certo período ocorre a eclosão das chamadas larvas, estas sim residentes da água. Por fim, transformam-se em insetos adultos. No caso do Aedes aegypti apenas as fêmeas adultas sugam o sangue, ou seja, quando picam um ser humano podem inocular este vírus e fazer com que a vítima desenvolva a doença. Talvez o maior problema no controle ou mesmo no desenvolvimento de uma vacina eficaz seja a existência de mais de um subtipo de vírus causador da dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4).

 

Pode parecer que este manejo de limpeza freqüente seja uma prática penosa e às vezes cara, principalmente em grandes fazendas, locais em que seria necessário manter um funcionário para lavar todos os cochos de água (inclusive os locados em pastos). Mas lembre-se que este custo inicial é inferior à possibilidade de ter uma ou mais pessoas internadas e infectadas pela dengue.

 

Fique atento aos sintomas da dengue

A dengue clássica é usualmente benigna. Inicia-se com febre alta, podendo apresentar cefaléia (dor de cabeça), prostação, mialgia (dor muscular), dor retro-orbitária (ao redor dos olhos), náusea, vômito, dor abdominal e exantema máculo-papular (manchas na pele). Em alguns casos, no final do período febril, ocorrem sangramentos – mas eles são raros na dengue clássica.

(Texto adaptado. Autor: Abel Vargas)

domingo, 21 de novembro de 2010

CRIAÇÃO DE CABRAS: TÉCNICA DE MANEJO, SANIDADE E ALIMENTAÇÃO – Parte 3

Maria das Graças C. M. e Silva
Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras- UFLA

Alimentação
Ao iniciar uma criação de cabras, o produtor deverá fazer um planejamento de sua propriedade, levando em consideração alguns aspectos. Entre eles, a área disponível para formação de forrageiras, se essa área se adapta ao plantio, se existe água para irrigação, qual a produção por hectare de massa verde dessa forrageira, época de colheita, digestibilidade e nutrientes que compõe a forrageira. E ainda o número de animal que está criando por categoria animal, descartes e nascimentos do ano.


Sabe-se que 50 a 60% dos custos de produção de um criatório se deve ao fornecimento do concentrado, portanto, necessita de capineiras para diminuir o custo. Para a alimentação dos caprinos deve-se dar, de preferência, as variedades de plantas mais adaptáveis à região, desde que sejam bem aceitas pelos animais e tenham bom valor nutritivo.


Os caprinos dão preferência às leguminosas do que às gramíneas. É preferível fornecer forragens antes da floração, por possuir maior quantidade de nutrientes para a mantença e produção dos animais.

Alimentos para cabras:
Leguminosas: guandu, algaroba, soja perene, mucuna preta, alfafa, amendoim forrageiro, feijão de porco, etc.
Gramíneas: capim pangola, jaraguá, colonião, gordura, pangolão,setária, cameron, estrela africana, napier e outros.
Hortículas: folhas de nabo, beterraba e cenoura.
Raízes e Tubérculos: mandioca, batata doce, beterraba.
Raízes e Tubérculos: mandioca, batata doce, beterraba.
Cereais: milho, sorgo, trigo, etc.
Outras folhas: erva cidreira, anis, bananeira, pitangueira, goiabeira, confrei, etc.


A cabra consome diariamente o equivalente a 10% do seu peso vivo em forragem verde, silagens e fenos. 3% do peso vivo em ração concentrada, 1 kg/animal para fêmea com produção de até 2 l/leite/dia.

Pasto verde deve ser oferecido aos animais picado de 4 a 5 cm, pois o pasto muito picado, vai reduzir o teor de gordura do leite e se for grande vai ter disperdício do alimento.

Diariamente, no início das atividades, deve-se limpar os cochos, retirando-se os alimentos que sobraram do dia anterior, a fim de se evitar sua fermentação e provocar diarréias no animal.


Fenos e silagens também são fornecidos aos animais. A mistura mineral deve estar sempre à disposição. Sua falta compromete o crescimento do animal, desempenho produtivo e a reprodução. A cabra adulta bebe aproximadamente 5 l/água/dia. Se o alimento for muito seco (excesso de concentrado ou feno), a quantidade de água ingerida pode chegar a 10 l/dia/animal. Cabra com produção de 2 l/leite/dia, deve receber de 200 a 300 g de concentrado a mais, para cada litro de leite produzido.

Ordenha
Para cabras leiteiras são recomendadas duas ordenhas diárias, sempre no mesmo horário, para que os animais se condicionem no ato de liberação do leite.

O local de ordenha deve ser limpo, com facilidade de água de boa qualidade, tranquilo e sem barulhos. A ordenha pode ser manual ou mecânica, no entanto, os cuidados de higiene devem ser os mesmos.

Cuidados antes da ordenha: O ordenhador deve lavar bem as mãos; o lavagem do úbere em água corrente; o secagem do úbere com papel toalha. Análise do primeiro jato de leite em caneca telada ou de fundo escuro para diagnóstico de mastites clínicas.


Linha de ordenha
1ª ordenha: fêmeas jovens que nunca sofreram mastites
2ª ordenha : fêmeas adultas que nunca sofreram mastite
3ª ordenha : fêmeas que já sofreram mastite e estão curadas
4ª ordenha : fêmeas doentes, iniciando pelos casos menos graves

Apósa ordenha, mergulhar os tetos em solução glicerina iodada.

Medidas profiláticas gerais: Limpeza diária do cabril e higienização dos utensílios; retirada mensal do esterco acumulado sob o cabril; isolamento dos animais doentes; desinfecção periódica do cabril.
Pasteurização: Quando lenta, o leite passa no pasteurizador à 65ºC durante 30 minutos, depois é resfriado a 5ºC e levado ao freezer para ser congelado e conservado.

Sanidade
O primeiro aspecto de importância da saúde do rebanho diz respeito às zoonoses, ou seja, as doenças comuns ao homem e ao animal e que se transmitem naturalmente entre eles. O segundo aspecto é o da produção, pois é necessário saúde para que o animal expresse o seu potencial genético e responda aos cuidados zootécnicos. Neste caso, tem especial importância, nas cabras, as doenças parasitárias.

Ectoparasitos: Acarretam perdas econômicas na exploração, devido a mortalidade em decorrência de altas infestações. Os ectoparasitos irritam os animais, levando à queda da produtividade e tornando-os predisponíveis a infecções secundárias. Além disso, os efeitos causados sobre suas peles, depreciam o seu valor comercial. Para evitar que os animais do rebanho sejam atacados por ectoparasitos (carrapatos, berne, sarna, bicheira, etc.) devem ser tomadas medidas que auxiliem no controle e erradicação.


1. Fazer frequentemente inspeção dos animais.
2. Fazer controle das moscas nas instalações através do uso de adequada higienização, e se necesssário, usar repelentes, lavar e desinfetar vasilhames de ordenha, e plataforma de ordenha diariamente.
3. Na prevenção de miíases (bicheiras) tratar adequadamente as feridas, retirando as larvas, limpando o local e aplicando repelentes.
4. Pode-se fazer uso de pulverização ou banhos de Ectoparasiticida. A pulverização requer cuidados para que o tratador não se intoxique, e ela deve ser realizada em dias ensolarados.


Endoparasitos: Constitui as doenças provocadas pelo Helmintos e Protozoários. As doenças pelos helmintos, são também conhecidas como verminose e pode ser classificada em vermes gastrointestinais e pulmonares. Esses parasitos ocasionam lesões na mucosa do intestino e pulmões.

Na prática o que se observa é um atraso no crescimento, diarréia, pêlos arrepiados, perda de peso, aumento do volume abdomen, prostração e, às vezes, até a morte. Os vermes pulmonares são responsáveis por tosse e pneumonia. As doenças provocadas pelos protozoários que mais afetam os caprinos são a Eimeriose e Toxoplasmose.

A Eimeriose afeta principalmente os animais jovens, ocasionando diarréia, falta de apetite, anemia e retarda o desenvolvimento. A Toxoplasmose pode atacar o animal e ao homem, provocando esterilidade, abortos, nascimento de crias fracas. A transmissão se realiza de duas formas: por ingestão de carne ou leite de animais contaminados. Existem ainda as doenças provocadas por bactérias, que afetam os caprinos podendo até mesmo resultar em morte.


A Linfadenite Caseosa caracteriza por necrose principalmente dos gânglios linfáticos, e é conhecida como "Mal do Caroço". A doença é de grande importância devido os prejuízos que ocasiona. A infeção ocorre através da pele, umbigo, feridas de castração, com o agente causador da doença. A prevenção pode ser feita através de vacinas. Os animais afetados devem ser isolados, quando próximo do período de abertura do abcesso, sendo o material colhido e posteriormente queimado.

A Leptospirose em caprinos é causadora de abortos e mortalidade de animais jovens. A presença de ratos nos capris, ou junto dos alimentos e água utilizados pelos animais, representa uma chance maior de contaminação, pois os ratos podem infectar a água e rações através da urina e contaminar assim os animais.


A Micoplasmose é uma doença que se transmite por contato direto de animais doentes com sadios e pelo leite ingerido pelo cabrito. Até mesmo através da mão do ordenhador. Ela ocasiona morte aos animais jovens e diminui a vida produtiva de animais adultos. Animais acometidos dessa enfermidade devem ser eliminados dos capris.

Mamite é a inflamação na glândula mamária. Ela altera o tecido glandular e o leite. No manejo diário é necessário o controle da mamite. Para isto adota-se a linha de ordenha (já descrita anteriormente). É altamente contagiosa e transmitida de um animal para outro através das mãos dos ordenhadores, toalhas coletivas ou teteiras das ordenhadeiras mecânicas, quando a higiene não é observada. O diagnóstico pode ser feito através do teste de CMT (Califórnia Mastites Teste), pelo menos uma vez por mês, que permite detectar facilmente no leite a presença de leucócitos (glóbulos brancos de sangue) em número anormalmente elevado, o que indica um fenômeno inflamatório ao nível de mama.


Artrite Encefalite Caprina (C.A.E): Traz sérios prejuízos ao criatório. O sintoma externo é o aumento das articulações dos joelhos. O meio de transmissão é o colostro.

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O Calendário Profilático poderá ser alterado de acordo com a região.

Limpar cochos e bebedouros diariamente. Raspar estrados e varrer solário diariamente. Fazer desinfecção mensalmente. Ao adquirir novos animais, exigir os exames de:
o Artrite Encefalite Caprina (CAE)
o Brucelose
o Tuberculose
o Toxoplasmose
o Exame Clínico


Não adquirir animais com mamite ou que tenham sido curados. É importante que, ao adquirir animais para o rebanho, seja de um criador tradicional e idôneo. Com isto elimina-se os comerciantes inescrupulosos. A avaliação dos animais deve ser feita por um técnico especializado.

Um aparelho portátil para diagnosticar a prenhez em ovelhas e cabras é uma das novidades que a Embrapa, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, acaba de colocar à disposição dos produtores rurais. O equipamento utiliza o ultra-som, é eletrônico (funciona com seis pilhas comuns) e semelhante ao Detector de prenhez para bovinos e equinos, também desenvolvido pela Embrapa, que já vendeu cerca de três mil unidades em todo o Brasil.


O Detector de prenhez para pequenos ruminantes por ultra-som foi desenvolvido em São Carlos, interior de São Paulo, pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, atendendo demanda da Associação Paulista dos Criadores de Caprinos (Capripaulo). Ele foi feito em parceria com a Embrapa Caprinos - de Sobral (Ceará) - onde foram realizados os testes em ovelhas da raça Santa Inês. Em São Paulo, outros testes conseguiram detectar a prenhez positiva em cabras, 23 dias após a cobertura.


O diagnóstico de prenhez em pequenos animais tem grande importância econômica e prática, ao possibilitar uma nova cobertura ou inseminação na mesma estação reprodutiva para as fêmeas que não responderam positivamente à primeira fertilização. Além disso, permite o fornecimento de uma alimentação adequada às fêmeas prenhes.

A Embrapa repassou a tecnologia para a empresa Microem Produtos Eletrônicos Ltda., de Ribeirão Preto (SP), que já produz o Detector de prenhez para bovinos e equinos por ultra-som e o Medidor de espessura de toucinho por ultra-som para para suínos vivos. suínos vivos.

sábado, 20 de novembro de 2010

CRIAÇÃO DE CABRAS: TÉCNICA DE MANEJO, SANIDADE E ALIMENTAÇÃO – Parte 2

Maria das Graças C. M. e Silva
Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras- UFLA

Formação e reprodução do rebanho

O criador que vai criar caprinos e, portanto, já tem a finalidade da exploração definida e instalações concluídas, passa a se preocupar com a formação do rebanho. Para isso é necessário que, ao adquirir os animais, o criador procure por criações já existentes e que sejam idôneas, e estar certo de ter feito uma boa compra. É de suma importância a escolha de reprodutores e matrizes. As fêmeas podem ser puras ou até SRD (Sem Raça Definida), mas os machos sempre devem ser puros. Para formar o rebanho o criador deverá observar e perseguir os seguintes índices zootécnicos.

Adquirir fêmeas que tenham uma prolificidade de 3 cabritos por ano, admitindo-se que 80% das fêmeas reprodutoras possam parir duas vezes por ano. Nascimento para ambos os sexos de 50%.:

  • Ter um (1) reprodutor macho para 40 fêmeas (matrizes), em monta livre.
  • A gestação ter uma duração média de 150 dias (5 meses).
  • A vida reprodutiva dos machos deverá ser de 8 anos.
  • A vida reprodutiva das fêmeas será ser de 6 anos. o As fêmeas deverão ser cobertas em médias aos 10 a 12 meses de idade.
  • O descarte dos cabritos será aos 5 meses, com peso vivo estimado em 18 kg.
  • A lotação por hectare será de 8 cabras com 2 cabritos cada.
  • Lactação de 210 a 240 dias no Brasil são consideradas boas, somentes através da seleção e do melhoramento genético o produtor poderá aumentar a produção dos animais.


Em geral as cabras mostram cio já aos 5 ou aos 7 meses, portanto, recomenda-se separar os animais de sexos diferentes a partir do 3º ou 4º mês de vida. No cabrito, a cópula com ejaculação de espermatozóides vivos inicia com 4 e 6 meses de idade.

Sob boas condições, porém, a reprodução das fêmeas nesta idade deve ser evitada, pois os caprinos com esta idade não estão completamente desenvolvidos para suportarem uma boa gestação com partos normais.

Em geral, o peso de cobertura para fêmeas é de 30 kg ou deverá ser 70% do peso total quando o animal for adulto. Por exemplo: uma cabra leiteira adulta pesa em média 50 kg, então seu peso na primeira cobertura será de 35 kg (50 x 70% = 35 kg), ou de 10 a 12 meses de idade. Nos machos a idade ideal para reprodução é após 10 meses de idade em monta controlada.


Estação de monta: A duração do período de cio é de cerca de 35 horas com variação de 26 a 42 horas. Nas cabras a duração média do ciclo estral é de 20,6 dias, ou seja a cabra apresenta cio de 21 em 21 dias, aproximadamente, podendo ter uma variação normal de 18 a 22 dias. No entanto, raças mais apuradas apresentam uma inatividade reprodutiva nas regiões onde a luminosidade do dia é crescente (setembro a dezembro) cai a produção, retornando a atividade sexual, nos períodos de queda da luminosidade (janeiro a abril).

Sinais característicos do cio: genitais externos avermelhados, micções frequentes, montam umas nas outras e se deixam montar, abanam a cauda, olhar depressivo e grande inquietação. A fêmea no cio deve ser levada ao reprodutor, 2 vezes com intervalo de 10 a 14 horas entre uma monta e outra.


A ovulação ocorre poucas horas após o fim do período em que a fêmea aceita passivamente a cobertura. A taxa de ovulação aumenta em cabras até cerca de 4 a 5 anos de idade, dependendo da natureza precoce da raça e, então, diminui com o avançar da idade.

Critérios para escolha de macho e fêmeas reprodutores: É importante a escolha do reprodutor, seja macho ou fêmea, para o sucesso da criação.

  • Escolha do reprodutor: O animal representa 50% da genética do criatório. Obter informação confiável quanto a produção das filhas desse reprodutor (produção média). Os reprodutores são substituídos a cada dois anos para evitar consanguinidade. Rufião: é usado para facilitar a detecção do cio, ficando junto com as cabras adultas e fêmeas jovens aptas à reprodução, recebendo o mesmo manejo alimentar dessas categorias.
  • Escolha de matrizes e manejo da reprodução e crias:
    1) Adquirir matrizes iniciais para implantação do criatório.
    2) Substituição das fêmeas no rebanho (descarte de 20 a 25% das fêmeas anualmente).
    3) Selecionar as melhores fêmeas através de:
  • Maior produção de leite
  • Maior número de filhotes ao parto o Alta fertilidade o Resistência a doenças
  • Facilidade de manejo o Característica racial


Uma boa cabra leiteira deve ter um aspecto geral feminino com ossatura forte e pêlos finos, cabeça delicada, longa e fina, porém com narinas largas. O animal deve apresentar bons aprumos principalmente nos membros posteriores, costelas arqueadas com boa abertura de tórax e abdomen.


Essas são características diretamente relacionadas com a capacidade do animal de ingerir grande quantidade de volumoso, transformando-os em leite. Com relação ao sistema mamário, relacionar as fêmeas com melhor conformação do úbere.

Os animais devem ter pernas com bons aprumos, unhas largas, profundas e bem formadas, peito largo que aumenta a capacidade respiratória e circulatória o que reflete na maior produção de leite. Se o objetivo é ampliar o plantel: recomenda-se o descanso de 45 a 60 dias depois do parto, assim a cabra proporcionará 3 parições em 2 anos. No entanto, se o objetivo é leite, aconselha-se um intervalo maior. Em qualquer das opções, deve-se secar a cabra 60 dias antes do parto.

A duração do parto é de 1 a 4 horas. É importante que o animal no dia provável do parto, seja levado para local tranquilo, limpo e arejado. Não há necessidade de ajudar a fêmea durante o parto, só se houver algum problema com o filhote.

Cuidados com o recém-nascido

O filhote deverá ter maiores cuidados nos primeiros 30 dias de vida. Cortar o umbigo logo após o nascimento, 2 cm do ventre e ser emergido em tintura de iodo a 10%. O filhote deve beber colostro nas primeiras 3 horas após o nascimento. Atenção: Filhos de mães portadoras do vírus da Artrite Encefalite Caprina (CAE), não devem receber colostro da mãe.

Ficha de controle zootécnico
1. Identificação. Poderá ser feito através de brincos, medalhas, tatuagem. É importante também pesar o filhote após o nascimento.
2. Alojamento. Logo após o nascimento, separar o filho da mãe e colocá-lo em uma creche limpa, seca e arejado. Em locais de temperatura muito baixa, utilizar lâmpada de aquecimento.
3. Aleitamento. Utilizam-se mamadeiras individuais ou coletivas.

ESQUEMA DE ALEITAMENTO

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A partir do 6º dia de vida, o filhote já pode receber alimento sólido para ajudar no desenvolvimento. É permitido ingerir volumosos de boa qualidade como, por exemplo, feno de alfafa ou rami, ração concentrada com 24% de proteína bruta, sal mineral e água à vontade de boa qualidade. Recomendação: não fornecer aos filhotes, produtos à base de soja antes dos 30 dias de vida.


4. Desmame. Normalmente ocorre aos 90 dias de idade, quando o filhote estiver consumindo 300 g/concentrado/dia.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CRIAÇÃO DE CABRAS: TÉCNICA DE MANEJO, SANIDADE E ALIMENTAÇÃO – Parte 1

Maria das Graças C. M. e Silva
Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras- UFLA

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Desde os tempos coloniais, o Nordeste vem sendo o grande difusor da criação de cabras no Brasil. Entretanto, só a partir da década de 70 é que a atividade recebeu maior incentivo, estabelecendo assim opção econômica para os pequenos e médios proprietários das outras regiões, além da grande classe rural nordestina.

Nesta evolução, com animais de maior valor zootécnico, a caprinocultura tornou-se ao mesmo tempo uma atividade agradável, rentável e com alto valor social, contribuindo com leite e carne na alimentação familiar.

A exploração de caprinos deve abranger algumas técnicas de manejo, sanidade e alimentação e para isto contar com uma assistência técnica capacitada, para que o planejamento e a própria condução do programa sejam bem executados.

Objetivos e viabilidade econômica

É importante definir o tipo de exploração como: produção de leite, queijos finos, carne, pêlos (mohair), pele, venda de matrizes e reprodutores ou uma produção integrada. Os cabritos apresentam peso ideal de abate entre 4 a 6 meses de idade e o preço de matrizes e reprodutores variam de acordo com as faixas etárias e as raças (leite ou corte). Seja qual for a finalidade da exploração, a localização do criatório deve ser nas proximidades de um bom centro consumidor.

Fatores climáticos

O maior inimigo da cabra é a umidade. Quanto mais baixa for a umidade do ar, melhor será o ambiente para o criatório. O vento também causa transtornos para os caprinos.


Instalações

O cabril deve ser construído em terrenos mais altos, ensolarados, com baixa umidade e que tenham facilidade de abastecer volumosos (caso de confinamento) e água potável à vontade. Para se conseguir estes níveis de conforto, é importante construir o abrigo cuidando-se para que a orientação seja de Leste para Oeste (nascente - poente) e fechado ao Sul para evitar as correntes de ventos mais frios.

O galpão de abrigo é feito normalmente de madeira com piso ripado medindo 0,05 m de largura e elevado com divisões. O espaçamento no ripado é de 1,50 cm para adultos e 1,00 cm para cabritinhos entre sarafos, isto para evitar que enfiem as patas entre os espaços das ripas e se machuquem. O pé direito deve medir em torno de 2,50 m de altura acima do ripado e do ripado ao solo deve ser de aproximadamente 1,00 m, de modo a permitir o trânsito de pessoas por ocasião da retirada dos dejetos.

Desde os tempos coloniais, o Nordeste vem sendo o grande difusor da criação de cabras no Brasil. Entretanto, só a partir da década de 70 é que a atividade recebeu maior incentivo, estabelecendo assim opção econômica para os pequenos e médios proprietários das outras regiões, além da grande classe rural nordestina.

Nesta evolução, com animais de maior valor zootécnico, a caprinocultura tornou-se ao mesmo tempo uma atividade agradável, rentável e com alto valor social, contribuindo com leite e carne na alimentação familiar. A exploração de caprinos deve abranger algumas técnicas de manejo, sanidade e alimentação e para isto contar com uma assistência técnica capacitada, para que o planejamento e a própria condução do programa sejam bem executados. 

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Deve-se prever também a área externa para exercício e cobrição.Uma cabra adulta necessita cerca 2 m² de espaço físico. Os cochos devem ter 15 cm de largura, 30 cm de profundidade e 40 cm de altura do piso à borda do cocho. Devem ser colocados também cochos para sal mineral no cabril. Os bebedouros devem estar abastecidos constantemente com água fresca e limpa. As cercas externas podem ser de telas com 1,5m de altura.


Os piquetes devem ser construídos com cercas de 11 a 12 fios de arame liso. A área de pastagens e capineiras devem ser dimensionadas com base em um consumo diário médio de 10 kg de forragem/cabra adulta/dia. Um hectare de pastagem de boa qualidade é suficiente para  7 cabras leiteiras ou 10 cabras de corte ou de aptidão mista.

O cabril deve permitir a acomodação das seguintes categorias animais:
Berçário - do nascimento até 90 dias de idade
Recria - desmame à idade de reprodução
Novilhas e Cabras - no início de gestação
Cabras secas, em lactação e reprodutores, que deverão ficar separados ao máximo das fêmeas lactantes (no mínimo 8 metros de distância).

Sistema de criação
A cabra sendo um animal andarilho, necessita de exercícios diários e do sol. Assim sendo, nas regiões úmidas o único sistema viável de criação é o intensivo. Entretanto, pode-se fazer uma variação para o semiextensivo nos períodos de estiagem e declínio da umidade. Em criações onde não dispõe de áreas para o pastejo, é importante que seja incluída no projeto uma área para exercício dos animais (solário), durante no minimo 1 hora/dia. A dimensão de um solário depende muito do rodízio de animais no cabril ficando à base de 5 m²/cabeça. Assim sendo, as cabras leiteiras são confinadas em baias individuais ou coletivas suspensas.


O sistema de criação semi-extensiva ou extensiva é indicado para as médias e grandes propriedades, desde que disponham de boas áreas de pastoreio rotativo, com abrigos para o agrupamento e repouso dos animais à tardinha. O sistema ultra-extensivo é realizado no sertão, onde os animais vivem em completa liberdade, e, andam as vezes até 10 km por dia para procurar alimento. Este sistema de criação é típico para a produção de peles, já que é no sertão de clima seco uma condição que favorece o desenvolvimento de cabras com peles de boa textura, elasticidade e resistência.


Escolha da raça
Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, recomenda-se para a exploração leiteira qualquer uma das raças especializadas existentes no país, como Saanen, Toggenburg ou a Parda Alpina. Para a exploração mista ou de corte, as raças Anglo-Nubiana, Mambrina, Canindé, Moxotó, Marota, Repartida.

Raça Saanen: Originária da Suiça, apresenta pelagem curta, totalmente branca, sem qualquer mancha de outra cor. Os cascos brancos ou amarelados. A pele pode apresentar pintas escuras em diversos pontos como úbere, focinho, parte interna das orelhas, etc. São animais compridos, altos, esguios, orelhas curtas e eretas, sendo considerados os mais altos e de maior aptidão leiteira dentre as raças tipicamente leiteiras, contribuindo para formação e melhoramento de outras raças. Produzem 4 litros de leite diários com 5 a 6% de gordura. As fêmeas apresentam peso vivo médio de 50 kg e os machos de 75 kg.

Raça Toggenburg: Originária da Suiça, são também leiteiras, apresentando pelagem com pêlos longos, de cor castanho claro para o chocolate escuro, variando de tonalidades mais claras para tonalidades mais escuras com 2 listras brancas na cabeça que vão desde as orelhas, descem pelos olhos e vão até as laterais da boca. As patas e a inserção da cauda também são brancas. Tanto as cabras como os bodes reprodutores têm um peso médio variando de 45 a 60 kg.

Raça Parda Alpina: São animais leiteiros, originária da parte meridional dos Alpes Suiços. De porte médio como as Toggenburg, apresentam pelos curtos, pelagem de cor castanha parda com listra preta na região da nuca e linha dorso-lombar e pêlos pretos nas extremidades dos membros da face. Estes animais produzem 3 litros/leite/dia, numa lactação de 7 meses. O peso vivo médio das fêmeas varia de 50 a 60 kg e nos machos de 80 a 100 kg.


Raça La Mancha: Originária da Espanha, formada nos Estados Unidos é de aptidão leiteira. Possuem pelagem de muitas cores, sendo chamadas de multicoloridas. Têm boa produção de leite com alto teor de gordura.

Entre as raças de aptidão mista (carne, leite e pele) citamse as seguintes:


Anglo-Nubiana, formada na Inglaterra, são animais de porte alto, compridos e pesados. As cabras apresentam perfil convexo ou acarneirado, orelhas grandes e pendulares, são muito rústicas, tendo revelado excelentes resultados no Brasil. A pelagem é variável, indo da castanha, preta, branca, creme até amarela e cinza, ou suas combinações. Estes animais por serem de aptidão mista, apresentam rendimento médio leiteiro inferior as raças leiteiras especializadas e período mais curto de lactação. Porém, o seu leite apresenta mais alto teor de gordura.

A Raça Mambrina conhecida como cabra Síria, Indiana ou Zebu, apresenta pelagem cinzenta, vermelha, amarela, branca ou malhada, havendo animais pretos ou com manchas coloridas sobre fundo claro. As cabras são boas leiteiras e produtoras de carne e pele. Produz de 2 a 4 kg de leite/dia com 4% de gordura, com longo período de lactação. É rústica, própria para climas quentes.


A raça Canindé é nativa do Nordeste. É no Estado do Piauí que apresenta maior número destes animais, em duas formas étnicas denominadas "Canindé". Uma conhecida pela tradição sertaneja, de pelagem preta e barriga branca, e a outra de pelagem castanha, avermelhada, com uma listra preta no dorso e a barriga preta. De porte médio, atinge 50 a 60 cm de altura, e pesa em média 27 a 35 kg.


A raça Moxotó além de produzir carne, é também ótima produtora de pele. É conhecida pelos sertanejos como cabra do "lombo preto". A
pelagem é de cor baia ou mais clara, com uma listra negra que se estende do bordo superior do pescoço à base da causa, seguindo a linha
dorsal. Os membros abaixo dos joelhos e jarretes são de uma coloração escura, o mesmo ocorrendo com ventre, mucosa, unhas e úbere. A
altura tanto nos machos como nas fêmeas, varia entre 50 a 70 cm e o peso médio é de 34 kg.

A raça Marota é também conhecida como "Curaçá". A finalidade principal de exploração é a produção de pele, entretanto, como leiteira,
tem seu significado. Estes animais têm peso mínimo de 36 kg, a pelagem é branca, podendo aparecer pequenas pintas escuras nas orelhas. A pele e mucosa são claras e úbere apresenta um desenvolvimento razoável com tetas amarelo-claras.

A raça Repartida ou "Surrão", tem esses nomes devido à mistura de pêlos pretos e claros, distribuídos de forma irregular em seu corpo, dando a impressão de um animal sujo. O objetivo principal desta raça é a produção de pele. Estes animais têm pelagem preta na parte anterior
do corpo e baia na posterior. Seu peso mínimo é de 36 kg.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Adaptabilidade de caprinos Boer e Anglo-Nubiana às condiçoes climáticas do Meio-Norte do Brasil

  • Autores: L. M. Martins Júnior, A. P. R. Costa, D. M. M. R. Azevêdo, S. H. N. Turco, J. E. G. Campelo, M. C. S. Muratori

    RESUMO
    Este trabalho teve por objetivo avaliar a adaptabilidade das raças caprinas Boer e Anglo-Nubiana às condições climáticas do Meio-Norte do Brasil. Foram utilizados para isto dois testes de adaptabilidade (Ibéria e Benezra) e um teste de dissipação de calor (Rainsby). Nos dois primeiros testes foram utilizados, de cada raça, sete machos enquanto que no terceiro apenas quatro. No teste de Ibéria os caprinos Boer demonstraram uma maior adaptação às condições de Meio-Norte, nos dois períodos avaliados. No teste de Benezra foi constatada melhor resposta adaptativa da raça Boer no período seco enquanto que no período chuvoso a raça Anglo-Nubiana apresentou maior adaptação às condições climáticas. No teste de Rainsby, os caprinos Boer e os Anglo-Nubiana não apresentaram diferença significativa nos dois períodos avaliados. Em conclusão, de acordo com os testes utilizados, os caprinos Boer são melhor adaptados às condições de estresse pelo calor da sub-região Meio-Norte do Brasil que os caprinos da raça Anglo-Nubiana.

    INTRODUÇÃO
    A criação de caprinos tem grande importância para a região Nordeste, possuindo a mesma o maior efetivo caprino do Brasil. No entanto, o desempenho dos animais nesta região é ainda insatisfatório, em decorrência, principalmente da criação extensiva que sujeita os animais às intempéries naturais como as condições climáticas e deficiência nutricional em determinadas épocas do ano.

    No que concerne às condições climáticas, é preciso conhecer a adaptabilidade dos animais criados na região. No entanto, infelizmente, poucos trabalhos têm sido realizados e, quando ocorrem, se prendem à avaliação de parâmetros fisiológicos como temperatura retal, freqüência respiratória e freqüência cardíaca, em geral comparando raças exóticas que há muito tempo estão na região e raças nativas.

    Com a raça Boer, introduzida no Brasil há cerca de oito anos, com a finalidade de incrementar a produção de carne caprina no país, poucos têm sido os trabalhos de avaliação da adaptabilidade, mesmo considerando-se apenas a verificação dos parâmetros fisiológicos. Frente a isto e considerando-se que a raça Boer é originária da África do Sul, região tropical como o Brasil, é objetivo deste trabalho comparar a adaptabilidade desta raça à da Anglo-Nubiana, esta última já bastante disseminada no país, através da aplicação de testes de adaptabilidade, buscando subsídios para a escolha da melhor raça, em termos de adaptação climática à sub-região Meio-Norte do Brasil.

    MATERIAL E MÉTODOS
    Neste experimento foram utilizados três diferentes testes: o teste de Ibéria ou Rhoad, o teste de Benezra e o teste de Rainsby, a fim de comparar a adaptabilidade de caprinos das raças Boer e Anglo-Nubiana. Todos os testes foram realizados na mesma propriedade, no município de Timon, Maranhão, distante 465 km da capital do estado e apenas 35 km de Teresina, capital do vizinho estado do Piauí. Foram utilizados nos três testes animais machos, adultos e sadios.

    CONCLUSÕES
    Segundo os testes de Benezra e Ibéria, que avaliam a capacidade de manter a temperatura corporal normal, a raça Boer apresenta maior adaptabilidade às condições de Meio-Norte, em relação à raça Anglo-Nubiana. Já no teste de Rainsby, que avalia a capacidade de dissipação de calor após hipertermia induzida por exercícios, as duas raças mostraram-se semelhantes, porém a raça Boer conseguiu ter a mesma redução de temperatura retal com menor freqüência respiratória, demonstrando ter maior eficiência, provavelmente com menor custo energético.


    (texto adaptado, texto técnico completo em http://www.uco.es/organiza/servicios/publica/az/php/img/web/04_20_50_01AdaptabilidadeMartins.pdf)

  • sexta-feira, 12 de novembro de 2010

    Nova Diretoria ABCC

    Diretoria ABCC 2011/2013

    Recife, 04 de novembro de 2010.

    PRESIDÊNCIA
    Presidente: Tomaz Quintas Radel - BA.
    1° Vice      - Carlos Alberto Ribeiro Roma – PE
    2° Vice      - Gidalte Almeida Magalhães- PE
    3° Vice      - Fábio Braga - MA
    4° Vice      - André Fortes – RJ


    SECRETARIA
    1° Secretário – Arlindo Ivo – PE
    2° Secretário – Alcides Bezerra-PE


    TESOURARIA
    1° Tesoureiro – Cristiano Rego Barros - PE
    2º  Tesoureiro – Sergio Almeida – CE


    CONSELHO
    Conselho Fiscal
    1.    Aurora Gouveia - MG
    2.    Francisco Leitão – CE
    3.    Oscar Adelino de Lima - PB

    Conselho Fiscal Suplente
    1.    Paulo Zabulon - PI
    2.    Luiz Gonzaga Targino de Moura - PB
    3.    Saulo Monteiro de Castro - SE

    quarta-feira, 10 de novembro de 2010

    Boas práticas na caprinocultura leiteira

    Boas práticas na caprinocultura leiteira

    O programa Dia de Campo na TV mostrou os cuidados que os produtores devem ter para oferecer leite de qualidade às indústrias e aos consumidores. A pesquisadora da Embrapa Caprinos, Lea Chapaval, e o diretor do Centro de Capacitação em Bases Tecnológicas para o Semi-Árido, Gilvan Soares Brito, falaram sobre as Boas Práticas na Produção de leite de cabra – um conjunto de medidas tomadas durante a produção que evitam a contaminação do produto e garante a segurança do consumidor.

    Produtos feitos a partir de leite de cabra.
    Crédito: Embrapa Caprinos.

    A pesquisadora Lea Chapaval ressalta que existem vários fatores que alteram a qualidade do leite e comprometem a segurança e o rendimento dos produtos lácteos, como o estado sanitário do rebanho, a higiene do ordenhador, a higiene e as condições das instalações e dos equipamentos utilizados durante a ordenha, os aspectos sanitários do local de ordenha e as condições de transporte e armazenamento. “Práticas realizadas dentro da propriedade podem assegurar que o leite de cabra seja produzido por animais saudáveis sob condições aceitáveis e em equilíbrio com o meio ambiente”, completa.



    Lea Chapaval salienta que o papel dos produtores de leite de cabra é assegurar que boas práticas agropecuárias, higiênicas e animais sejam empregadas na propriedade. “O foco deve ser a prevenção dos problemas, incluindo as doenças, antes que eles ocorram”, diz. Assim, as Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) poderão contribuir para assegurar que o leite de cabra e seus derivados estejam livres de contaminantes, sendo seguros e apropriados para consumo. Contudo, além do produtor; fornecedores de insumos, transportadores, fabricantes de produtos lácteos e alimentos, os distribuidores e os comerciantes devem fazer parte de um sistema de gerenciamento integrado que garanta a segurança e qualidade alimentar.



    terça-feira, 9 de novembro de 2010

    Como Fazer Queijo de Cabra

    • 2 litros de leite de cabra
    • 20 gotas de coalho líquido
    • sal q.b.

    De preferência fazer os queijos mal o leite seja retirado da cabra, pois o leite sai à temperatura ideal para a sua confecção. Caso contrário aquecer ligeiramente o leite de forma que fique apenas morno. Filtre o leite para retirar alguma impureza e junte-lhe de seguida as 20 gotas de coalho líquido (a quantidade de gotas varia consoante a marca do coalho, ter em atenção que demasiado coalho prejudica o sabor do queijo) e deixe repousar durante 20-30 minutos.

    Após o tempo de pausa e com a ajuda duma colher de pau verta para um coador grande e deixe escorrer um pouco o soro. Ponha 6 forminhas de queijo em 6 pratos e com uma colher vá retirando o leite coalhado e coloque dentro de cada forma até enchê-la. Coloque sal por cima de cada um dos queijos. Pelos orifícios das formas vai saindo soro, assim que tiver muito soro no prato, escorra-o e vire os queijos com cuidado para outro prato e volte a colocar sal, agora do outro lado. Repita esta operação as vezes que achar necessárias. Por fim leve ao frigorífico e no dia seguinte desenforme e sirva. Esta receita dá para 6 queijos, mas poderá variar consoante o tamanho das formas.

    É também habitual nos Açores servirem os queijos frescos com massa de malagueta por cima. Actualmente é uma entrada quase obrigatória dos restaurantes locais.

    domingo, 31 de outubro de 2010

    Curiosidade

    Aptidão - Ainda existem, produtores e técnicos, que consideram a raça como de dupla aptidão. No entanto, na atualidade, os Estados Unidos lideram trabalhos técnico-científicos no sentido de se desenvolver linhagens diferenciadas para leite e para corte.

    sábado, 30 de outubro de 2010

    Pastagem para ovinos e caprinos 10

    Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros

    10. Associação de diferentes espécies animais em pastejo


    A associação de diferentes espécies animais em pastejo múltiplo é uma prática bem antiga. Entretanto, aspectos como a interação social, a utilização das plantas forrageiras, a distribuição de excrementos na pastagem, os impactos sobre o solo, a sanidade e a produtividade devem ser considerados (CARVALHO e RODRIGUES, 1997).


    Os objetivos do pastejo múltiplo, simultâneo ou sucessivo, de diferentes espécies de herbívoros, são: controle biológico de plantas indesejáveis ou tóxicas para uma classe de herbívoros, mas que produzem forragem para outra; aproveitamento de áreas topograficamente inacessíveis; manipulação biológica da vegetação em uma estação, visando favorecer o desenvolvimento de plantas forrageiras na estação seguinte; oferta
    de forragem de alto valor nutritivo aos animais em produção, sem prejuízo da eficiência de utilização da pastagem; estabilização natural da vegetação manipulada através de distribuição mais uniforme da pressão de pastejo sobre todos os componentes da vegetação (ARAÚJO FILHO, 1985). Outro objetivo da associação de herbívoros em pastejo é a redução da população de nematódeos (GASTALDI, 1999; AMARANTE, 2001).


    O pastejo seletivo pelo animal, somado às áreas de rejeição às dejeções, resulta em mosaico na pastagem, com áreas em que as plantas são submetidas à intensidade de desfolhação diferentes (COOPER et al., 2000). A utilização mais intensiva dos recursos pode ser possível considerando as diferenças anatômicas, fisiológicas, comportamentais e epidemiológicas das espécies envolvidas, utilizando a forragem produzida de maneira complementar (CARVALHO e RODRIGUES, 1997).

    O tamanho do animal é uma característica importante na definição da eficiência de consumo e utilização dos alimentos, pois resulta em limitações quantitativas e qualitativas ao atendimento das exigências nutricionais (VAN SOEST, 1994; CARVALHO e RODRIGUES, 1997). BHATTACHARYA (1980) encontrou diferenças marcantes nos padrões morfo-anatômicos do rúmen, retículo, omaso e abomaso dos caprinos e dos ovinos. Esses últimos apresentaram maior proporção de rúmen e menores volumes de omaso e abomaso, considerando que o volume, peso e formato dos compartimentos gástricos variam com a ingestão de alimentos, natureza da dieta e comportamento de consumo alimentar.


    A preferência alimentar de bovinos e ovinos lanados é por gramíneas, dos ovinos deslanados por plantas herbáceas e dos caprinos por arbustos (SILVA SOBRINHO, 2001). Essas diferenças na habilidade seletiva caracterizam a evolução das espécies em diversos meios. Devido à grande seletividade no pastejo, os caprinos ingerem preferencialmente as partes mais novas e tenras das plantas e, conseqüentemente, mais nutritivas (MALACHEK e LEINWEBER, 1972). Esse hábito reveste-se de grande importância na sua fisiologia digestiva, minimizando os efeitos negativos da baixa qualidade das forrageiras durante o período seco do ano (LEEK, 1983).

    Comparando-se o aparato bucal de ovinos e caprinos, observou-se que a largura do maxilar, em relação ao tamanho do animal, é largo e chato nos ovinos. Nos caprinos é estreito e pontudo (CARVALHO e RODRIGUES, 1997). Os ovinos utilizam os lábios, dentes e língua conjuntamente para a apreensão da forragem, conferindo habilidades seletivas em razão da mobilidade dos lábios superiores, como a realização do pastejo
    baixo (SILVA SOBRINHO, 2001).


    A escolha das plantas de maneira similar, indica a possibilidade de competição por alimento entre caprinos e ovinos deslanados. A superposição das espécies vegetais escolhidas variou de 43,5 a 66,3%, apesar disso, por si só, não evidenciar uma competição (SQUIRES, 1982). Entretanto, trabalho desenvolvido na região de Inhamuns, Ceará, avaliando a composição botânica da dieta de ovinos e caprinos pastejando associadamente, ARAÚJO FILHO et al. (1996) comprovaram que 71% das espécies botânicas foram consumidas por ambas espécies animais. Na dieta dos ovinos houve uma participação maior de gramíneas e ervas, em relação aos caprinos. A participação de
    gramíneas na dieta de ovinos deslanados, mantidos em áreas de caatinga raleada, chegou a 60% nas “águas”, diminuindo para 25% na seca, provavelmente porque muitas gramíneas são anuais, e as perenes apresentam pouco crescimento nessa época, levando o animal a alimentar-se no estrato arbustivo-arbóreo. Esse comportamento repetiu-se quando a taxa de lotação passou de 1,25 cab/ha/ano para 2,5 cab/ha/ano
    (PIMENTEL et al., 1992).


    Em pastagens exclusivas de gramíneas, possivelmente a superposição das dietas seja maior, devido a monocultura. A preferência alimentar sobre as forragens varia de acordo com a espécie animal, a estação do ano e intensidade de pastejo (ARAÚJO FILHO, 1985).


    Os diferentes hábitos de pastejo dos ovinos e caprinos, em pastagens exclusivas de gramíneas, podem interferir no grau de contaminação por nematódeos. Do ponto de vista parasitário, há ocorrência de infecção cruzada das principais espécies parasitos entre a espécie caprina e ovina, o que não traria benefícios diretos, nesse aspecto. Por outro lado, entre bovinos ou equinos e ovinos houve benefícios do pastejo associado,
    simultâneo ou sucessivo, para o controle de nematodioses, haja vista a pequena ocorrência de infecção cruzada (GASTALDI, 1999).


    Segundo LAMBERT e GUERIN (1989), o pastejo misto permite o controle de endoparasitas em bovinos, ovinos e caprinos através da redução na contaminação da pastagem. Esta prática é baseada na especificidade parasitária dos nematódeos, ou seja, larvas infectantes de ovinos, que forem ingeridas por outra bovinos, serão destruídas, pois não encontrarão ambiente adequado para o seu desenvolvimento no novo hospedeiro.
    SANTIAGO et al. (1976) não verificaram ocorrência de infecções cruzadas por espécies dos gêneros Haemonchus, Oesophagostomum, Nematodirus e Bunostomum, sendo que apenas algumas espécies dos gêneros Cooperia e o Trichostrongylus axei apresentaram infecções cruzadas, fato também demonstrado por ARUNDEL e HAMILTON (1975).


    Entretanto, com relação ao Trichostrongylus axei, Ross (1970), citado por ARUNDEL e HAMILTON (1975), verificou que cepas adaptadas aos bovinos proporcionaram uma significativa proteção em cordeiros quando desafiados por cepas adaptadas aos ovinos. Segundo GRENET e BILLANT (1995), a quantidade de larvas de Ostertagia e Cooperia presentes na pastagem reduziram à metade em função do pastejo
    misto. SOUTHCOTT e BARGER (1975) encontraram redução nas infecções de Haemonchus contortus e Trichostrongylus colubriformis em pastagens de ovinos submetidas ao pastejo prévio com bovinos por 6, 12 e 24 semanas.

    Em um dos trabalhos revisados por GASTALDI (1999), a carga parasitária de cordeiros foi reduzida devida a presença de novilhos com mais de 1 ano de idade pastejando concomitantemente, o que resultou em maior ganho de peso. O uso de animais de menor idade proporcionou infecções cruzadas de endoparasitas, não sendo eficaz na descontaminação das pastagens.


    Medida fundamental para se prevenir as infecções clínicas por nematódeos gastrintestinais é evitar a exposição dos animais às pastagens contaminadas, sobretudo durante o final da época de pastejo nesta área. Isto pode ser conseguido com a utilização estratégica de anti-helmínticos e com o controle do pastejo.


    O pastejo misto ou alternado com bovinos e ovinos proporciona uma remoção mútua das larvas infectantes (L3) pela falta de especificidade entre parasitas e hospedeiros sobre a pastagem, diminuindo, desta forma, a contaminação em ambos hospedeiros e das pastagens. O pastejo misto ou alternado por animais de mesma espécie, mas de diferentes idades, pode produzir efeitos semelhantes, a imunidade dos
    animais mais velhos reduzem a contaminação das pastagens que serão oferecidas aos animais mais jovens.


    Teoricamente, o sistema de pastejo rotacionado auxilia no controle das nematodioses gastrintestinais pela quebra do ciclo infeccioso entre as pastagens e o hospedeiro durante o período em que estas são descansadas (PARKINS e HOLMES, 1989). Contudo, a longa sobrevivência de larvas L3 e a alta taxa de acúmulo de MS, com acelerada redução da qualidade, levam a inferência que o maior tempo de descanso da
    pastagem pode atenuar, porém não resolve o problema.

    11. Considerações finais


    As pastagens constituem-se na base do sistema produtivo sustentável e econômico de ovinos e caprinos, desde que manejada racionalmente, considerando os aspectos da escolha das plantas forrageiras, incremento da fertilidade do solo, ajuste da pressão de pastejo e controle parasitário, alcançando boas produções por animal e por área, aumentando a rentabilidade do empreendimento.

    Fonte: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
    NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL
    PROGRAMA DE OVINO-CAPRINOCULTURA DA BAHIA

    sexta-feira, 29 de outubro de 2010

    Pastagem para ovinos e caprinos 9

    Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros

    9.0 Influência das pastagens nas verminoses


    Em condições naturais, antes da domesticação, o equilíbrio parasito/hospedeiro permitia a tolerância dos animais a essa enfermidade. Com a domesticação, e conseqüente aumento no número de animais por área, houve desequilíbrio em favor dos parasitos, fazendo com que o principal problema sanitário dos rebanhos ovinos e caprinos seja a verminose (SANTIAGO et al., 1976; VIEIRA et al., 1997; GASTALDI, 1999; AMARANTE, 2001).

    As verminoses dos caprinos e ovinos são causadas por parasitos pertencentes às classes Nematoda, Cestoda e Trematoda. Os nematódeos são vermes redondos, que podem se localizar no tubo digestivo (gastrintestinais) ou nos pulmões (pulmonares).

    Considerando os cestódeos, são vermes chatos em forma de fita e, finalmente, os trematódeos, vermes chatos em forma de folha (COSTA, 2003). Dentre eles, os nematódeos apresentam-se em maior número e distribuição geográfica, sendo responsáveis pelos maiores prejuízos econômicos. O controle das nematodioses faz-se necessário, caso contrário, a criação tornar-se inviável economicamente, devido à baixa produtividade, à alta mortalidade dos animais e as despesas com mão-de-obra e anti-parasitários (AMARANTE, 2001). Esses problemas
    se agravam devido às maiores taxas de lotação, associadas às condições climáticas propícias ao desenvolvimento de larvas, havendo a necessidade de conhecer a dinâmica da população dos nematódeos nas pastagens e nos animais.

    Os nematódeos gastrintestinais mais encontrados em caprinos no semi-árido nordestino foram: Haemonchus contortus (abomaso), Trichostrongylus colubriformes (intestino delgado), Oesophagostomum columbianum (intestino grosso) e Strongyloides
    papillosus (intestino delgado) (VIEIRA et al., 1997).

    A presença de larvas infectantes nas pastagens é importante nos estudos epidemiológicos das nematodioses dos ruminantes, podendo fornecer um índice do risco de exposição dos animais mantidos em pastagens (MARTIN et al., 1990). As observações de GASTALDI (1999) indicaram que, contagens de OPG (ovos por grama de fezes) mais altas, coincidiram com as maiores concentrações de larvas infectantes na pastagem.

    As variáveis climáticas que interferem no aumento populacional de nematódeos no ambiente são: temperatura, precipitação pluvial, umidade relativa do ar, evapotranspiração, radiação solar e temperatura do solo (geotermometria), sendo que, dentre esses, a precipitação é a mais importante (ROSA, 1996).

    Estudos de epidemiologia de helmintos têm demonstrado que a medicação antihelmíntica nem sempre apresenta a eficácia esperada quando os animais permanecem em pastagens contaminadas. Segundo LAMBERT e GUERIN (1989), o controle das nematodioses passa invariavelmente pela adoção das práticas de manejo que visam a redução da população de larvas infectantes na pastagem. Em pastagens cujas estruturas permitem a penetração de raios solares nas bases das plantas, o número de larvas infectantes provavelmente será reduzido (SANTOS et al., 2002). As alternativas para se reduzir à contaminação das pastagens incluem a rotação dos piquetes, a aração do solo,
    o pastejo alternado ou integrado (misto) com outras espécies animais, a aplicação de produtos químicos no solo e o controle biológico (COSTA, 2003).

    A idade, o estado nutricional, a ordem do parto, estado fisiológico, raça, espécies de nematódeos, manejo dos animais, época de nascimento e de desmame, superpopulação e a introdução de animais novos no rebanho são fatores que contribuem para aumentar a população de parasitos no organismo do animal (ROSA, 1996). O estado nutricional interfere no grau de defesa imunológica do organismo. O cobre, fornecido através de
    cápsulas, contribuiu para redução da reinfecção por H. contortus em ovinos lanados (GONÇALVES e ECHEVARRIA, 2004).


    Alia-se ao problema da verminose, a existência, cada vez maior, de resistência a antihelmínticos, principalmente em se tratando do H. contortus (AMARANTE, 2001). Haemonchus spp. foram mais prevalentes na comunidade resistente a todos os anti helmínticos, tanto em ovinos, quanto em caprinos, criados em várias regiões do Ceará, seguido de Trichostrongylus spp. e Oesophagostomum spp. (MELO et al., 2003).

    A ocorrência, severidade e o controle das doenças causadas por nematódeos estão diretamente correlacionados a disponibilidade de larvas infectantes na pastagem, que é influenciada pelo nível de contaminação de ovos, condições sazonais e o manejo do pastejo (ANDERSON, 1982). Segundo esse autor, sob condições adequadas, cerca de 20% dos ovos de nematódeos gastrintestinais depositados nas fezes dos animais completam o ciclo como adultos. Todavia, na seca, apenas 1% completa sua fase livre.

    GASTALDI (1999), pesquisando a ocorrência de nematódeos gastrintestinais em ovinos pastejando associadamente à bovinos e eqüinos, encontrou maiores quantidades de larvas infectantes recuperadas coincidindo com a época de maior precipitação pluvial, sendo os principais gêneros Haemonchus spp. e Trichostrongylus spp..

    As larvas infectantes conseguem sobreviver a uma variação maior de ambiente, em relação aos estádios pré-infectivos, que utilizam as fezes para proteção. O número de larvas infectantes na forragem representa somente uma pequena proporção do total de larvas na fase livre no pasto. Não surpreendente, o número de larvas disponíveis pode crescer mesmo algumas semanas após a retirada dos animais da pastagem, o que torna preocupante o tempo de descanso de 3 a 6 semanas, no sistema rotacionado (ANDERSON, 1982).

    Considerando os aspectos parasitológicos, ainda não há evidências concretas de como a estrutura da pastagem influencia a sobrevivência de ovos e larvas de nematódeos gastrintestinais na pastagem. O arranjo espacial da comunidade de plantas que permite a insolação nas partes basais pode alterar o ecossistema e provocar a morte de muitos ovos e larvas (SANTOS et al., 2002). MARTIN NIETO et al. (2003) encontraram
    diferenças no grau de infecção de ovelhas mantidas em pastagens formadas com capins diferentes, contudo não foi evidente a influência do hábito de crescimento da planta forrageira na contagem do OPG.

    Existem algumas práticas de manejo das pastagens e medidas de controle integrados que podem ser utilizadas no intuito de reduzir os prejuízos dos nematódeos nos animais.

    As gramíneas forrageiras cespitosas, pastejadas intermitentemente, com altura póspastejo baixa, pode contribuir para a redução da infecção dos animais (SANTOS et al., 2002). Esse aspecto se deve a maior insolação nos primeiros 15 cm do relvado, faixa de altura que geralmente a maioria das larvas se localizam nas plantas (MISRA e RUPRAH, 1972).

    Outra prática que pode ser adotada, é a colocação dos animais na pastagem após a seca do orvalho. Nessa ocasião, as larvas infectantes, que necessitam de íntimo contato com a umidade, provavelmente migram para baixo, numa altura com menor possibilidade de serem ingeridas pelo animal. Entretanto, o tempo de pastejo diário pode ser reduzido, pois as primeiras horas da manhã são preferidas para essa atividade (NEIVA e
    CÂNDIDO, 2003).

    No trabalho de QUADROS (2004), não foi encontrada diferença quanto à concentração de larvas infectantes, entre os capins estrela-africana (prostrado), andropógon e Tanzânia (eretos), manejados com ovinos (Figura 3).

    image

    Ovinos Santa Inês mantidos em pastagens dos capins Tanzânia, estrela-africana e andropógon não apresentaram diferenças na contagem de OPG, com média de 1228.

    Aparentemente, a utilização de capins cespitosos visando redução da contaminação de nematódeos gastrintestinais em ovinos per si não foi eficaz, quando manejados sob lotação contínua. CUNHA et al. (2000) e SANTOS et al. (2002) alertaram para a autoinfestação, quando os animais permanecem mais de 5 dias no mesmo piquete, ingerindo larvas oriundas de ovos de seus próprios parasitos.

    VLASSOF (1982) observou que 80% das larvas infectantes estiveram localizadas no primeiro terço na estrutura da pastagem. Considerando a localização das larvas infectantes de nematódeos em pastagens dos cvs. Tanzânia e mombaça de P. maximum, sob lotação caprina/ovina, o rebaixamento a 15 cm, visando reduzir a quantidade de larvas pela ação da radiação solar, pode ser viável. Entretanto, há possibilidade de
    resultar em uma maior ingestão de larvas à medida que a altura do capim diminui.

    Ademais, essa altura pode provocar prejuízos na rebrota e persistência das plantas, principalmente em solos de baixa fertilidade (QUADROS, 2004). A interferência do comportamento alimentar no número de larvas infectantes ingeridas é uma hipótese para explicar as diferenças na intensidade de infecção por nematódeos entre espécies e raças (HOSTE et al., 2001).

    Em pastagens naturais, a alta habilidade de caprinos selecionarem uma dieta naturalmente com maior variedade botânica, com predominância de plantas com porte arbustivo e arbóreo, os predispõem menos intensamente a ingestão de larvas infectantes, em relação aos ovinos, que são mais dependentes das gramíneas, maior fonte de larvas (HOSTE et al., 2001). Em pastagens exclusivas de gramíneas, o padrão de infecção
    encontrado por QUADROS (2004) demonstrou que os caprinos foram mais infectados do que os ovinos, talvez pelo menor convívio com esses parasitos em sua evolução em pastagens naturais.

    Fonte: UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
    NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL
    PROGRAMA DE OVINO-CAPRINOCULTURA DA BAHIA