segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cuidados com o rebanho de caprinos e ovinos na estação de chuva

 

Na região Nordeste, onde está concentrado o maior rebanho caprino e metade do rebanho ovino do País, a vegetação da caatinga é constituída de espécies que perdem suas folhas no início da estação seca. Quando começa a chover, há uma rebrota intensa das árvores e arbustos o que aumenta a oferta de alimentos para os animais.

A pesquisadora Nilzemary Lima da Silva explica que no período das chuvas, além de alimentos com maior valor nutritivo, os rebanhos dispõem de maior quantidade de forragem. "Os animais selecionam suas dietas na caatinga. Se forem dadas condições de livre escolha, os ovinos preferem gramíneas e outras herbáceas, enquanto os caprinos consomem maior quantidade de folhas de árvores e arbustos", afirma.

Durante o período das chuvas os produtores precisam ficar atentos aos cuidados específicos que devem ser adotados com o rebanho para evitar prejuízos. Pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, no Ceará, alertam para o manejo sanitário e alimentar nesta época do ano. De acordo com o pesquisador Fernando Alvarenga Reis, é no período chuvoso que as condições de calor e umidade favorecem a proliferação de doenças no rebanho, o que tende a se agravar na medida em que aumenta o número de animais por área. "As doenças vão atingir os animais em pasto ou confinamento que não possuam condições ideais de instalação", afirma Reis.

O mais fatal e oneroso problema continua sendo a verminose. Os principais sintomas são diminuição do apetite, perda de peso, pêlos arrepiados, os animais aparentam aspecto de cansados e ficam constantemente deitados e isolados em função da forte anemia. Sintomas parecidos também ocorrem com a coccidiose ou eimeriose, causada por protozoários.

Outros problemas comuns em condições de umidade são a podridão dos cascos, causado por bactérias, e ceratoconjuntivite (lacrimejamento e opacidade dos olhos). "Existem também as clostridioses e as pasteurelose para as quais são recomendadas vacinações específicas de acordo com um calendário e orientações dos laboratórios que produzem estas vacinas", explica o pesquisador.

Ele afirma que o controle de verminose é feito com o monitoramento por exames de fezes e cor da mucosa ocular. Deve-se vermifugar os animais assim que aparecerem os primeiros sintomas e adotar o rodízio de pastos respeitando o período mínimo de desocupação e descontaminação.

"Usar rebanho bovino para pastejar a área dá bons resultados porque bovinos e ovinos não partilham os mesmos parasitas", explica. Para a podridão dos cascos existem vacinas, mas sua eficácia é relativa. Casos têm sido relatados que ora funcionam, ora não e parecem surtir melhor efeito a partir da terceira e quarta aplicação. A ceratoconjuntivite deve ser prevenida com a adoção de cuidados higiênicos. "É importante existir na propriedade um local para isolamento dos animais acometidos por qualquer tipo de doença", afirma Reis.

Os pesquisadores recomendam uma reserva de alimento de forma a que o rebanho possa receber um bom acompanhamento nutritivo no período de estiagem. E nesse caso, o ideal é que o produtor aproveite o período de chuvar para preparar o alimento para o rebanho. "Deve-se armazenar alimentos de boa qualidade por meio dos processos de fenação e ensilagem, com isso o produtor poderá fazer a suplementação alimentar a fim de evitar a perda de peso dos animais. Outra vantagem é a possibilidade de produzir no período de entresafra estabilizando a disponibilidade de produtos de ovinos e caprinos para o mercado", explica Nilzemary.

Outra opção é a formação de um banco de proteínas, que deve ser constituído de leguminosas como a Leucena, Gliricídia e Jurema Preta. "Estamos falando de forrageiras para as condições do semi-árido nordestino. Para outras regiões são outras plantas para as quais há manejos diferenciados e condições específicas de produção, mas que também podem ser armazenadas em forma de fenação e ensilagem".

A forrageira para feno deve ter alto teor de proteína (leguminosas), agradável ao paladar; deve ser cortada antes da floração e de acordo com o intervalo de corte apropriado. Após o corte, a forragem deve ser espalhada em camada fina, para secagem uniforme. No caso de leguminosas, a secagem deverá ser feito à sombra, para se reduzir a queda das folhas. A forragem deve ser revirada periodicamente, para facilitar a secagem. Observar o ponto de feno e acondicionar em fardos, em sacos ou medas.

Para se conseguir uma silagem de boa qualidade, deve-se atentar para o valor nutritivo da forrageira e rendimento de quilograma de massa verde por hectare. Entre as gramíneas, destacam-se o milho, o sorgo e o capim-elefante. A forrageira deve ser cortada sempre antes da floração e de acordo com o intervalo de corte apropriado. No caso de milho ou sorgo, efetua-se o corte quando os grãos estiverem de leitosos a farináceos. O transporte da forragem para o local do silo é uma operação onerosa. Assim, deve-se escolher o local do silo em função da localização da área de produção da forragem e do estábulo. O material deve ser triturado e desintegrado, a fim de permitir uma melhor compactação e uma maior exposição para a fermentação. A compactação é a fase mais importante no processo da ensilagem. A vedação deve ser completa, a fim de proteger a silagem contra a penetração de água e de ar.

Fonte: Nordeste Rural

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